domingo, novembro 26

Uma história...

Pois é, tens razão, não consigo ter tempo para mim. E tenho que começar a organizar-me melhor, pois a redução de horario está a chegar ao fim. Entre o trabalho, a casa e o Rodrigo, não fico com tempo para mim e há alturas que sinto que vou explodir! Quando tenho um momento em que posso descansar, não faço nada, simplesmento sento-me no sofá ou vou dormir. E aquele livro óptimo que comecei a ler continua guardado, a ginástica é para esquecer (mesmo tendo uma bicicleta em casa), tempo para vir ao meu blog ou visitar os outros blogs nem pensar. Se calhar sou eu que sou mesmo desorganizada, mas eu não consigo deixar o meu filho a chorar sentado na cadeira de refeições ou no parque para vir para o computador ou para ir fazer ginástica. E o meu filho exige toda a atenção. Só quer andar de um lado para o outro e tudo é novidade, desde as gavetas, os armários, a sanita, o bidé, a banheira, as torneiras, as tomadas...

Com isto tudo o tempo passa a correr e o meu menino já fez um aninho, e foi um ano cheio de aventuras e coisas novas. Pois o meu pequenote neste ano aprendeu a sorrir, a rir, a palrar, a sentar-se, a gatinhar, a pôr-se de pé, a agarrar objectos, a dizer adeus, a bater palminhas, a dar abraçinhos, o ouvir qualquer música e começar a dançar, a andar agarrado à nossa mão, a dizer mama, papa, óua (olá), abó (avó), abô (avô), já tá, águu (água), Ruuu (Ruca), Diii (rodrigo), pã (pão), Tã (cão) além de imitar tudo o que nós dizemos. Além disto ainda experimentou mais umas quantas coisas, como a praia e a piscina , mudou de casa e ganhou um quarto só para ele, onde dorme desde os 5 meses. Provou muitas sopas e muita fruta, a carne e o peixe, trocou de leite e sempre adorou o seu leitinho a meio da noite e adora todos os iogurtes que já provou.
É um bébé muito bem disposto, brincalhão, malandro, meiguinho, inteligente e lindão!! Adoro cada descoberta que ele faz e cá em casa vivemos cada momento muito intensamente. Não queremos perder nada!

Tive uma gravidez muito complicada. Tive uma ameaça de aborto e tive que ficar em casa um mês, por volta das 10 semanas de gravidez. Correu tudo bem. Aos oito meses voltei novamente para casa. O meu bébé tinha parado de crescer. E eu tive que ir para casa e ficar em repouso. As coisas no trabalho estavam muito dificeis, a minha adaptação à nova secção não estava a correr nada bem.

Tinha o colo do útero muito fechado e nem sinais de contracções. A ordem foi andar muito, muito, muito...
Ás 38 semanas lá fui eu ter com a médica que me rebentou as membranas que seguram a placenta e mandou-me andar. No dia seguinte, depis de me fazer o toque, lá me disse que podia ser que para o final da semana o Rodrigo nascesse de parto normal, senão, às 39 semanas o parto seria provocado. Mas, de repente tudo mudou. Eu tinha umas borbulhas na barriga e a doutora pediu-me para fazer análises à função hepática, só para verificar se tudo estava bem. Além da função hepática, também fiz a PCR, quem trabalha no meio é assim, acrescenta sempre mais qualquer coisinha!!
A função hepática estava normal, mas a PCR estava alta. A médica quando viu o valor foi consultar o director de serviço. Decidiram que o parto ia ser provocado. " Estivemos a conversar e tendo em conta que o seu bébé está no percentil abaixo do normal, é um bébé pequenino e o valor da PCR pode indicar uma infecção vaginal, urinária ou do liquido amniótico, ou outra infecção qualquer não temos tempo para saber o que é, e temos que tirar o bébé cá para fora. Por isso vamos provocar o parto."
Primeiro fui almoçar, segundo a médica, ia ser uma etapa longa e enérgica e ela aconselhou-me a comer qualquer coisa. Depois lá fui para o quarto e começou a preparação para o parto. Tinha o meu marido a meu lado e iamos controlando o CTG para ver se viamos o evoluir das contracções e o batimento cardíaco. Passado cerca de 20 minuots de estar ligada ao CTG, começamos a ouvir umas interferências no CTG. Ficámos preocupados. O coraçãozinho dele começou a falhar. O telemóvel do meu marido tocou e a médica entrou nesse momento para fazer uma avaliação da situação. Quando me fez o toque, eu senti uma dor inexplicável. Não me consegui mexer. Ela começa a gritar para eu me voltar primeiro para a esquerda e depois para a direita. Eu lá obedeci mas com muito custo. A dor era horrivel.
Entretanto, a minha médica começa a gritar para a auxiliar lhe trazer um pacote de açucar e uma garrafa de glucose. " O bébé está em sofrimento!!. Ele não está a recuperar! Preparem a sala para uma cesarina de urgência. Toda a gente corria pelos corredores, o meu marido ficou especado no corredor a ver-me passar, de lágrimas nos olhos e sem perceber nada. Toda a gente desapareceu para dentro do bloco. " Temos um bébé em sofrimento fetal e um descolamento de placenta, não há tempo para epidural!!" " Há quantas horas comeu?" - Mais ou menos uma hora e meia. " Então não pode ser anestesia geral!" , " Mas o bébé não aguenta esperar pelo efeito da epidural!!".
Esta conversa era entre a minha médica e a anestesista. Depois a minha médica disse-me: "Vamos fazer tudo para salvar o seu bébé". E eu adormeci com a anestesista a dizer-me para repirar fundo, que tudo ia correr bem.

Acordei na sala de recobro com dores de morrer!! Sózinha e a ver tudo desfocado e a andar à roda. Agarrei-me à barriga e quando apareceu a enfermeira, perguntei-lhe pelo meu bébé. "Está tudo bem" Já me perguntou isso umas poucas vezes." Mas eu não me lembrava. Depois de muitas doses de medicamentos para as dores, apareceu o meu marido que me trouxe as fotografias do Rodrigo. O Rodrigo nasceu às 17, 15 e eu só o vi perto das 21 horas. Na primeira noite ele ficou no berçário, pois eu estava algaliada e não me podia levantar. Soube que me fizeram uma lavagem ao estomâgo para me darem a anestesia geral, quando a anestesista me foi ver ao quarto. Não assisti ao primeiro banho do Rodrigo e custava-me imenso dobrar-me sobre o berço para o levantar e deitar.
As primeiras semanas foram complicas, tanto fisicamente, como psicológicamente. Chorei muitas vezes e revivi cada momento angustiante vezes sem fim. Não era assim que eu tinha imaginado as coisas!! Eu sei que tivemos muita sorte. Eu recuperei muito bem da anestesia geral e da cesariana sem qualquer tipo de complicações e o Rodrigo nasceu óptimo, saudável, um bébé normal. Voltámos os três juntos para casa, e isso é o mais importante.
Depois são histórias lindas que fomos escrevendo os três, ao longo deste ano que passou, umas mais felizes, outras mais stressantes, tipicas de pais de primera viagem.
Tenho muito para te agradecer meu amor, porque estiveste sempre ao meu lado, e eu sei que passei fases um pouco complicadas. OBRIGADO.
Eu sei que o texto é enorme, mas só agora consegui escrever acerca deste assunto.

3 Comments:

Blogger Sonecas said...

E hei-de continuar sempre a teu lado. Porque fazes parte de mim.

26/11/06 19:50  
Anonymous Anónimo said...

Um beijo gde p ti.Feliz 2007.

8/1/07 16:53  
Blogger ' Claudjinha said...

Bem, li o teu texto todo (o que me espanta, porque geralmente em blogs nao tenho paciencia para ler mais de 5 linhas seguidas nem um texto inteiro sem saltar, confesso.. eheh), mas o teu texto atraiu-me muito e adorei! Achei muito querido e cheio de ternura, e definitivamente passaste a ideia de que a maternidade deve ser algo maravilhoso! Eu ainda estou um pouco longe disso (so 16 aninhos eheh), mas era um dos meus sonhos, deve ser muito lindo. Admiro-te muito pela força que tiveste durante toda a gravidez, pelo que parece, ultrapassaste bem todas as dificuldades e o que interessa é que agora estás bem com o Rodrigo =P Desejo as maiores felicidades para vocês os 3!
Desculpa a invasão!
Bjs , fica bem

24/1/07 19:58  

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